Analgesia Epidural
Epidural analgesia
Qual o significado da dor no trabalho de parto?
A dor no trabalho de parto pode estar associada à contração uterina, caracterizando-se por uma dor tipo cólica que inicia na zona lombar (costas) e se estende em direção à barriga. Numa fase inicial pode ser semelhante à dor menstrual, sendo variável de grávida para grávida, diferindo com a evolução do trabalho de parto.
Ao longo do trabalho de parto a dor intensifica-se e progride desde a zona abdominal média até à zona perineal, sendo caracterizado este período por contrações uterinas fortes, regulares, dolorosas e frequentes - uma contração de 3 em 3 minutos, podendo apresentar intervalos mais curtos no período expulsivo.
O que é a analgesia epidural?
É um procedimento que consiste na colocação de um cateter no espaço epidural, para administração de medicação para o alívio da dor, durante o trabalho de parto e parto. A técnica loco-regional (epidural/sequencial/raquianalgesia) é o procedimento mais eficaz para reduzir a dor das contrações uterinas.
A opção pela realização desta técnica permite que o trabalho de parto evolua naturalmente, mantendo a sensibilidade para realizar os esforços expulsivos para ajudar o bebé a nascer, sendo um procedimento seguro para ambos.
Finalidade:
Reduzir a sensibilidade à dor;
Promover a participação ativa da mulher no trabalho de parto e parto;
Facilitar a evolução do trabalho de parto;
COMO É realizada A ANALGESIA EPIDURAL?
A técnica é realizada pelo médico Anestesista e com apoio do Enfermeiro. A parturiente deve estar sentada ou deitada de lado - a decisão é exclusiva do Anestesista, sendo necessário uma avaliação no momento, da região lombar
Numa primeira fase o anestesista fará a desinfeção com um líquido frio nas costas, sendo posteriormente, administrado um anestésico local injetável, no local onde irá ser introduzido o cateter epidural.
Durante a introdução do cateter epidural é importante que se mantenha imóvel - se no momento da introdução do cateter, tiver uma contração, deve avisar o Anestesista/Enfermeiro, evitando movimentos “bruscos”. Sentirá uma pressão durante a introdução do cateter, sem dor.
Após a administração de medicação via cateter epidural vai notar que a sensibilidade dos membros inferiores e da zona inferior do abdómen está diminuída. Poderá sentir dormência ou formigueiros nos membros inferiores, sendo este efeito analgésico temporário, recuperando totalmente a sensibilidade e a mobilidade no final de algum tempo.
Após a realização da técnica epidural ficará com um cateter (tubo muito fino e transparente) fixo com adesivo às suas costas, o que vai permitir a administração de medicação para a alívio da dor até ao momento do parto, podendo o efeito prolongar-se até 2 horas após o bebé nascer. A medicação poderá ser administrada em pequenas doses espaçadas ou numa dose contínua de medicação para alívio da dor.
Embora o cateter epidural fique fixo com adesivo deve ter alguns cuidados, não devendo arrastar as “costas” na cama, fazendo sempre força nos braços e pernas quando alternar o lado direito e esquerdo. Realçamos a importância de alternar as posições (lado direito e esquerdo) ao permanecer algum tempo deitada na cama, para evitar ficar com dormência mais acentuada num dos lados.
Em casos pontuais, a analgesia epidural poderá reduzir a sensibilidade da sua bexiga no que diz respeito a sentir vontade de urinar. Caminhar no quarto e realizar exercícios na bola de pilates poderá ajudar. Caso não resulte, em último recurso, pode existir necessidade de colocar uma sonda vesical para drenar a urina da sua bexiga.
Na eventualidade de o parto progredir para cesariana e o cateter epidural se apresentar funcionante, poderá ser utilizado o mesmo cateter na cesariana - neste caso, será administrado outro tipo de medicação, verificando uma sensibilidade mais reduzida ou mesmo ausente dos membros inferiores, sendo uma situação normal no contexto da cirurgia. Se a cesariana for de emergência, poderá ser efetuada uma anestesia geral mesmo com cateter epidural, pois a primeira prioridade é o bem-estar fetal. Neste caso o cateter epidural funcionará para analgesia no pós-operatório.
Quando posso receber a epidural?
A grávida pode requerer a analgesia epidural quando estiver em trabalho de parto ativo e com dor. A epidural não é um procedimento obrigatório, e é uma decisão que a grávida deve comunicar à sua equipa de saúde.
Todas as grávidas podem fazer epidural?
Existem situações em que a analgesia epidural está contra-indicada, que serão sempre analisadas pelo médico anestesista. Por exemplo:
Infeção no local da inserção do cateter epidural;
Infeção generalizada;
Alterações da coagulação (alterações sanguíneas específicas);
Recusa/não colaboração da grávida;
Alergia à medicação utilizada neste procedimento;
Tatuagens extensas no local de inserção do cateter epidural;
Patologia a nível lombar impeditivas da realização da técnica.
A Epidural tem efeitos secundários?
Todas as intervenções médicas e medicações podem ter efeitos secundários.
As complicações mais frequentes da analgesia epidural são:
Retenção urinária;
Hipotensão materna (tensão baixa - é uma situação transitória);
Dor lombar, traumatismos da pele ou dor localizada no local da punção (situação transitória, com duração 2-3 dias);
Tremores (situação transitória);
Náuseas ou vómitos (cada vez menos frequentes, mas acontecendo pode ser feita medicação complementar);
Prurido (comichão - é uma situação transitória muito comum (associada ao uso de medicamentos para o tratamento da dor. Se for muito incómoda, pode ser feita medicação complementar);
Cefaleia (dor de cabeça - pode surgir, agravando-se com mudanças de posicionamentos, pode ser necessário repouso e analgésicos);
Complicações pouco frequentes ou raras da epidural são:
Infeção: meningite, abcesso epidural.
Hematoma epidural ou subdural/abcesso epidural
Toxicidade/alergia aos anestésicos locais.
Bibliografia:
American Society of Anesthesiologists (2016). Practice Guidelines for Obstetric Anesthesia: An Updated Report by the American Society of Anesthesiologists Task Force on Obstetric Anesthesia and the Society for Obstetric Anesthesia and Perinatology. Journal of Anesthesiology, V 124 , N. 2.
American Association of Nurse Anesthetists (2017). Analgesia and Anesthesia for the Obstetric Patient - Practice Guidelines by the American Association of Nurse Anesthetists (AANA) Board of Directors. (Recuperado de: https://www.aana.com/docs/default-source/practice-aana-com-web-documents-(all)/analgesia-and-anesthesia-for-the-obstetric-patient.pdf?sfvrsn=be7446b1_8)