Road Safety: The Car Seat

ANTES DO BEBÉ CHEGAR:

A segurança rodoviária da criança começa ainda dentro da barriga da mãe!

A grávida deve usar sempre cinto de segurança, de maneira correta:

• a faixa transversal (a que fica na horizontal) do cinto deve estar por baixo da barriga, sobre os ossos da bacia - nunca a atravessar a barriga ou imediatamente abaixo do peito;

• a faixa longitudinal (a que fica na diagonal) deve ficar sobre o esterno (o meio do peito), passando pelo ombro e nunca esticada sobre a barriga;

Durante o 3º trimestre a grávida deve evitar o lugar do passageiro com airbag frontal. Num embate, o impacto do rebentamento do airbag sobre a barriga pode ser bastante prejudicial para o bebé, por isso deve desativar o airbag ou, se não for possível, viajar com o banco o mais afastado possível.

A grávida pode conduzir durante toda a gravidez, mas é normal que se torne menos fácil ou cómodo com o avançar da gravidez. O veículo deve ser reajustado ao longo do tempo, tanto na posição do banco como a posição do volante, que deve estar afastado da barriga.

O OVO: UMA DECISÃO IMPORTANTE

Quando se está à espera de bebé, especialmente um primeiro filho, há muitos investimentos a fazer: as roupinhas, o berço, o carrinho... e a primeira cadeirinha automóvel. Este artigo não deve ser escolhido de ânimo leve, pois vai ser um elemento fulcral na segurança do seu bebé.

O "ovo" ou "babycoque" é uma cadeira automóvel e de transporte para bebés desde o nascimento até aos 13kg ou 75cm, o que normalmente permite o seu uso até aos 12 meses. É uma cadeira cuja posição é obrigatoriamente contra a marcha, a maneira mais segura de transportar o seu bebé.

Ao escolher o ovo para o seu bebé deve ter em conta:

• a homologação da cadeira;

• o sistema de fixação do seu automóvel;

• se a cadeira tem bons resultados nos testes independentes;

O QUE É A HOMOLGAÇÃO?

Existem duas normas de homologação para cadeiras automóveis na Europa:

• norma R44/04;

• norma R129, também conhecida por “I-Size”

A normal R129 entrou em vigor em 2013, com o objectivo de lentamente uniformizar e simplificar o processo de utilização dos Sistemas de Retenção de Crianças.

Todas as cadeiras têm que ter este selo como prova da homologação, com um código identificador da cadeira, fornecedor e da data de produção.

QUAL É A DIFERENÇA ENTRE AS DUAS NORMAS?

A norma R44/04:

• permite a intalação/fixação com cintos de segurança ou com sistema ISOFIX;

• faz testes de impacto frontal e traseiro e com test dummies com 4 sensores;

• permite instalação no sentido da marcha (forward facing) a partir dos 9kg ( aproximadamente 9meses, o que é altamente desaconselhado);

• é uma homologação por peso, e categoriza as cadeiras por grupos

A norma R129:

• tem como objectivo melhorar o nível de segurança enquanto se simplifica e uniformiza a instalação e utilização dos sistemas de retenção de crianças;

• permite a instalação/fixação com cintos de segurança ou com sistema ISOFIX;

• garante que a cadeira pode ser instalada no sentido contra a marcha pelo menos até aos 15 meses;

• faz testes de impacto frontal, traseiro e lateral, com test dummies com 32 sensores; - é uma homologação por altura, deixando de existir grupos, sendo a distinção feita apenas pela altura máxima da criança;

• esta norma ainda só abrange cadeiras auto até aos 105cm (aproximadamente 4 anos)

ENTÃO QUAL É A MELHOR?

As duas normas estão em vigor, o que significa que as duas são seguras para transportar o seu bebé. A ideia é que, lenta e faseadamente, a indústria automóvel tenha como padrão obrigatório o sistema ISOFIX, assim como medidas standard para os bancos, de maneira a que cada vez mais se opte pela norma I-Size e as cadeiras R44/04 deixem de ser produzidas.

O QUE É “ISOFIX”?

ISOFIX é um sistema de instalação standard internacional, que permite que a cadeira automóvel fique fixa em 3 pontos, sem necessidade de usar os cintos de segurança. Consiste numa base que fica presa diretamente ao chassis do carro em dois pontos, com dois braços com pinças, que encaixam nas ranhuras ISOFIX que se encontram no espaço entre as costas e o assento do banco.

Um terceiro ponto de apoio pode ser um pé, que fica assente na base do carro, ou pode ser um gancho que prende ao encosto de cabeça do banco.

MAS POSSO USAR O CINTO DO CARRO, COM CONFIANÇA?

Claro! Se o modelo permite instalar com cintos de segurança, desde que a instalação seja feita corretamente, os cintos de segurança têm o mesmo nível de segurança que o ISOFIX - alguns modelos até têm melhores resultados com os cintos vs ISOFIX nos testes independentes.

O QUE SÃO OS TESTES INDEPENDENTES?

Como já falámos, na Europa as cadeiras automóveis têm que ser homologadas pelas normas R04/044 ou R129. Estas cadeiras são testadas de modo a passarem na homologação. Mas entidades independentes acreditam que os testes não são rigorosos o suficiente. Os testes independentes mais rigorosos, e por isso mais conhecidos, são realizados na Suécia (o “Plus Test”) e na Alemanha (os testes da ADAC). 

O “Plus Test” é o teste mais exigente, no qual só é possível testar cadeiras de contra-marcha, dos grupos I (9-18kg) e grupo II (15-25kg).

É realizado um impacto a 56,5km/h, numa travagem muito brusca, e avalia o impacto do acidente na região do pescoço durante uma colisão frontal.

As cadeiras com Plus Test têm este autocolante bem visível na sua estrutura.

Os testes da ADAC medem o impacto frontal e lateral. As cadeiras são compradas de forma anónima no mercado e são colocadas à prova em condições extremas. Além realizar um número maior de testes, as velocidades nos testes de impacto são superiores às exigidas pelas normas.

A ADAC avalia cinco parâmetros: segurança (testes de embate), instalação e utilização, ergonomia, materiais poluentes e manuseamento e limpeza. Cada uma destas categorias recebe uma pontuação de 0 a 5,5 - quanto menor for a pontuação, melhor foi o resultado. A pontuação de segurança representa 50% do resultado final.

Pode consultar os resultados dos testes ADAC aqui.

A PRIMEIRA CADEIRA DEVE SER UM OVO (0/0+)?

Existem cadeiras auto homologadas para o uso desde o nascimento - podem ser cadeiras do grupo 0+/1 (até aos 18kg, ou aproximadamente 4 anos) ou cadeiras dos grupos 0/1/2 ou 0/1/2/3 (até aos 36kg, aproximadamente 12 anos).

As cadeiras do grupo 0/1 são consideradas seguras, desde que possam fazer o sentido contra a marcha até ao seu limite do peso e que tenham bons resultados nos testes.

Têm a vantagem de ser cadeiras que ficam fixas no carro, existe menor probabilidade de fazer uma má instalação e também impede uma utilização abusiva do ovo, mas implica que se tenha um carrinho de bebé adequado para recém-nascido ou que se use bastante o babywearing.

As cadeiras dos grupos 0/1/2 ou 0/1/2/3 (até aos 36kg, aproximadamente 12 anos), enquanto podem parecer a solução ideal - comprar e usar apenas uma cadeira, do nascimento até aos 12 anos - na verdade não correspondem bem aos parâmetros de segurança para as diferentes idades, faltando-lhe elementos de segurança, porque um recém-nascido tem necessidades diferentes de uma criança de 4 anos, de 8 anos ou de 12 anos..

Para além disso, normalmente estas cadeiras fazem contra a marcha muito menos tempo do que o aconselhável.

O ovo acaba por ser a escolha mais comum, visto que é uma cadeira que é concebida especialmente para a segurança do seu bebé durante os primeiros meses de vida.

O ovo pode ainda ser utilizado como cadeira automóvel, pode ser transportada manualmente (para distâncias muito curtas, pois torna-se muito pesado e não é fácil de manusear) e como cadeira de passeio, quando encaixado no chassis de um carrinho.

Antes de comprar um conjunto duo (ovo + carrinho) ou trio (ovo + alcofa + carrinho) aconselhamos uma pesquisa sobre os resultados dos testes, visto que é um investimento considerável. Recomendamos a escolha inicial do ovo - diversas marcas de ovos são compatíveis com mais do que a própria marca de carrinho, podendo ser usados com recurso a adaptadores.

QUE CUIDADOS DEVO TER AO TRANSPORTAR O BEBÉ NO OVO?

Em relação à segurança, recomendamos os seguintes cuidados:

• Ler o manual de instruções e ficar à vontade com a instalação do ovo no carro, com cintos ou com isofix;

• Usar um redutor para recém-nascido, enquanto for necessário;

• Regular a altura das alças do arnês de acordo com a altura do ombro do bebé;

• Confirmar que as fitas das alças estão a direito, sem estarem torcidas.

• Ajustar as alças frequentemente, devem ficar só com cerca de 1cm de espaço entre o bebé e as alças.

• Vestir o bebé com roupa apropriada à temperatura ambiente e ao tipo de viagem - isto prende-se com a segurança na estrada mas também com o perigo de sobreaquecimento.

• Apertar sempre o cinto, assim que sentar o bebé na cadeira. Mesmo que o carro ainda não esteja a andar, mesmo que o ovo esteja no chão. SEMPRE!

Em relação à instalação/fixação:

• se usar os cintos de segurança:

  • confirmar que o encaixe do cinto de segurança (a caixa plástica) não está demasiado esticada e a fazer pressão contra o ovo, por perigo de rebentamento;

  • confirmar que a inclinação do ovo é a correta;

  • confirmar que os cintos estão bem colocados, a passar no sítio correto;

• se usar sistema ISOFIX:

  • confirmar que todos os encaixes estão a verde, confirmando que estão instalados corretamente;

Não é recomendado que recém-nascidos e bebés não passem mais de 2h seguidas no ovo sem uma pausa - mas atualmente já existem modelos de ovo que reclinam para uma posição horizontal, como uma alcofa.

Também não é recomendado que o bebé permaneça no ovo mais tempo do que o estritamente necessário, fora do uso para o qual ele está destinado. Ou seja, o ovo não deve ser usado:

• para embalar o bebé enquanto está pousado no chão;

• como cadeira espreguiçadeira com o bebé acordado;

• como espreguiçadeira para o bebé dormir a sesta;

• como cadeira da papa;

• como cama de viagem;

Outra recomendação importante:

• Deve vestir o bebé com roupa apropriada à temperatura ambiente e ao tipo de viagem - isto prende-se com a segurança na estrada mas também com o perigo de sobreaquecimento.

No inverno é fácil cair no erro de vestir o nosso bebé com casacos antes de sair de casa, e colocá-los no ovo assim vestidos. Os casacos de inverno são normalmente acolchoados ou bastante grossos, e impedem que o cinto esteja corretamente ajustado ao corpo do bebé, como é possível ver nas fotos abaixo.

Em caso de travagem brusca ou acidente, existe maior risco de lesões graves ou mesmo o risco de ejeção para fora da cadeira.

Coloque sempre o bebé no ovo sem casacos exteriores ou muito grossos, sem capuzes, luvas ou gorros. Mantenha o bebé com a roupa com que estaria no interior e aconchegue-o com uma mantinha. Isto impede o sobreaquecimento e também a transpiração excessiva que, com a variação das temperaturas, pode causar resfriados e constipações.

O PERIGO DE SOBREAQUECIMENTO no ovo

 O ovo é um sítio pequeno, apertado, aconchegante e bastante quente. Os recém-nascidos e os bebés têm dificuldade em manter uma temperatura corporal adequada e facilmente podem sobreaquecer, como já foi explicado neste artigo.  Para mais recomendações sobre os perigos das viagens em tempo de muito calor, pode consultar este nosso artigo Cuidados com o Calor: Viajar em Segurança.

 As forras e os tapa-ovos que encontramos à venda, sejam eles industriais ou homemade, são muito bonitos, mas trazem consigo alguns perigos:

no verão e no inverno: o tapa-ovo completamente fechado ou uma fralda de musselina sobre o ovo impede a circulação do ar e provoca sobreaquecimento do espaço e do bebé: em dias mais quentes, pode aumentar a temperatura até 10ºC em 30min;

• no inverno: ninhos, capas ou sacos em lã ou em material tipo “polar” podem ser ser muito práticas para passeios ao ar livre quando as temperaturas são baixas mas como não permitem a permeabilidade do calor e a circulação de ar, não devem ser utilizados em conjunto com casacos demasiado grossos ou em ambientes fechados e climatizados (como carros, lojas, consultórios, etc.).

A escolha da cadeira automóvel do seu bebé deve ser uma decisão considerada e bem informada. Existe muita oferta no mercado, mas infelizmente nem todas as marcas são especializadas - nem o facto de serem homologadas significa que têm todas as características de segurança desejáveis.

Esperamos que as nossas recomendações ajudem a uma escolha deliberada, sempre com a segurança e o bem estar dos mais pequenos em mente.

BIBLIOGRAFIA: