Métodos Não Farmacológicos do Alívio de Dor: Bola de Pilates

Non-Pharmacological Methods of Pain Relief: the Pilates Ball

 
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A WHO (World Health Organization ou Organização Mundial de Saúde) e a MCESMO (Mesa do Colégio da Especialidade de Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica), considera a utilização da “Bola de Pilates” ou “Bola de Nascimento” uma estratégia facilitadora da evolução do Trabalho de Parto, produzindo ganhos ao nível do autocontrolo da dor (MCESMO, 2019; WHO, 2018).

Os benefícios terapêuticos proporcionados pela utilização da bola de pilates, está relacionado com os diferentes exercícios que podem ser aplicados com a bola, permitindo ao utilizador trabalhar em três planos de movimentos: o plano frontal, que trabalha a lateralidade, realizando a adução e abdução (nos músculos das coxas); o plano sagital, que trabalha a flexão e extensão do tronco e o plano transversal, que trabalha as rotações do tronco (Cassol & Bertoncello, 2008).

 

A origem da “Bola de Pilates” ou “Bola de Nascimento”

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A Bola de Pilates surgiu em 1963, pelo fabricante italiano de brinquedos Cosani, sendo direcionada para o público infantil, com uma finalidade de objeto lúdico. As primeiras bolas eram de vinil, de grandes dimensões, de cores variadas, utilizadas nas aulas de ginástica e foram denominadas por “Stability balls” pelo seu criador (Carriére, 1999). Existem varias designações da Bola de Pilates pelas quais também é conhecida, nomeadamente, a bola suíça, bola de nascimento, bola obstétrica, bola “bobath”, “birth ball” ou “pezzi ball”.

Na altura do seu aparecimento, a sua utilização foi essencialmente na Europa e foi denominada de bola suíça por terapeutas norte-americanos que viram a sua aplicação em clínicas na Suíça. Na década de 70 o seu uso passou a ser mais abrangente e generalizado, uma vez que era utilizada na reabilitação de problemas posturais e neurológicos (Perez, 2000).

 

Como deve escolher a sua “Bola de Pilates”?

Na atualidade, a bola de pilates é fabricada em policloreto de vinilo (PVC) elástico e existem no mercado bolas com três tamanhos: pequeno (45cm e 55 cm de diâmetro), médio (65 cm de diâmetro) e grande (75cm, 85 cm ou mais de diâmetro) (Martins e Cruz, 2007). As bolas de Pilates encontram-se à venda em qualquer estabelecimento que venda materiais de desporto e fitness.

 
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O tamanho correto da bola de pilates deve ser selecionado em função do utilizador, certificando-se que, na posição sentada, a perna deve fazer um ângulo de 90 graus, ou, então, a coxa deve ter uma posição paralela em relação ao chão (Cassol & Bertoncello, 2008).

Sendo assim, o utilizador deve manter uma postura correta com alinhamento da bacia, tórax e cabeça, mantendo a coluna ereta, sem dificuldades ou sobrecarga adicional dos músculos durante o período de mobilidade sobre a bola. (Carrière, 1999; Perez 2000; Souza & Rodrigues, 2010). 

 

Exercícios com a “Bola de Pilates”

A escolha do local para utilização da bola é fundamental, sendo de privilegiar solo firme e antideslizante, estando aconselhado o seu uso na presença de um acompanhante, reduzindo assim ao mínimo o risco de queda.

A bola de pilates é um instrumento terapêutico com eficácia comprovada no tratamento de diversas disfunções, sendo atualmente mais frequente a sua aplicação durante o período da gravidez e no trabalho de parto (Perez, 2000).

Segundo Carriére (1999), na gravidez, os exercícios realizados com a bola de pilates terão a finalidade de prevenir o relaxamento dos músculos do pavimento pélvico, melhorando a perceção de tensão e relaxamento na preparação para o parto.


NO PRIMEIRO TRIMESTRE

A literatura refere que, no primeiro trimestre de gestação, os exercícios com a bola trazem benefícios no que diz respeito ao alinhamento corporal e perceção muscular, tal como, a perceção da alteração do centro de gravidade, a promoção e a manutenção de uma postura correta, a prevenção da dor lombar e o favorecimento do fluxo sanguíneo (Craig, 2005; Perez, 2000). Segundo estes autores, nesta fase, os exercícios recomendados são movimentos de rotação lateral, movimentos circulares sobre a bola e de balanço para a frente e para trás, permitindo ativar os músculos do pavimento pélvico e a manter o equilíbrio.

 

Com a grávida sentada sobre a bola, costas direitas e peito para fora, braços e ombros relaxados, pernas fletidas e afastadas uma da outra e pés apoiados no chão, enquanto inclina o tronco na lateral, com movimentos lentos e muito suaves, de modo a alongar os músculos laterais do tronco. Voltar à posição inicial e fazer o mesmo exercício para o lado oposto.

Fazer 5-10 repetições para cada lado.

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Na posição inicial sentada sobre a bola, costas direitas e ombros relaxados, com os pés bem apoiados, movimentar a bacia para a frente e para trás, em movimentos lentos e muito suaves, com cuidado para não perder o equilíbrio. Tentar manter as costas direitas, e nunca fazer nenhum esforço que cause dor ou desconforto.

Fazer 10 repetições de frente e trás.

Novamente na posição inicial, com os pés bem assentes para evitar escorregar e mantendo o equilíbrio, mover a bacia em movimentos circulares, em forma de “8” ou como o símbolo do infinito, lenta e muito suavemente.

Completar o movimento 10 vezes e repetir na direção oposta.

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Esses exercícios facilitam a ação da gravidade no primeiro trimestre, embora também sejam aconselhados no terceiro trimestre e durante o trabalho de parto, variando apenas a frequência e a intensidade com que são realizados, visto que promovem contrações mais eficazes e menos dolorosas, auxiliando na descida e na adaptação do bebé ao espaço interno da bacia.

 

NO SEGUNDO TRIMESTRE

No segundo trimestre de gestação, os exercícios têm como objetivo a movimentação dos músculos abdominais, melhorando consequentemente a mobilidade das articulações e pavimento pélvico (ajuda a fortalecer os músculos da bexiga, sendo também aconselhado associar os exercícios de Kegel).

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A grávida deve colocar-se na posição deitada de costas (em dorsal), sobre um colchão de exercício, com as pernas fletidas a 90º sobre a bola de Pilates. As pernas devem ficar pousadas em cima da bola, que deve tocar na parte de trás das coxas, que vão ajudar a rodar a bola. Este exercício permite ativar os músculos do pavimento pélvico e os músculos abdominais, quando de maneira lenta, suave e controlada, a grávida deixar rolar as duas pernas da posição inicial para uma posição lateral.

Expirar enquanto faz o movimento para o exterior e inspirar quando volta com as pernas ao centro. O tronco e os ombros devem manter-se na posição inicial, em contacto com o colchão - e pode virar a cabeça e esticar o braço no sentido oposto ao das pernas, para aumentar a amplitude do alongamento.

Repetir 10 movimentos para cada lado, sempre com movimentos muito suaves, lentos e sem esforçar ou causar dor.

 

NO TERCEIRO TRIMESTRE

No terceiro trimestre de gestação, os exercícios têm como finalidade o relaxamento da musculatura pélvica, dos membros inferiores e do diafragma.

Nesta fase, a grávida deve sentar-se de joelhos no chão, com as nádegas sobre os pés e o tronco inclinado sobre a bola, a abraçá-la.

Mantendo as costas direitas, empurrar a bola lentamente, de maneira a ficar com os braços esticados e alongar os músculos das costas.

Repetir 10 vezes.

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A grávida fica deitada sobre um colchão, com as costas direitas, dobradas e com os pés bem assentes no chão. A bola está pousada no chão, posicionada entre as pernas, de maneira a que a grávida a consiga apertar com a parte interna das coxas e com os joelhos. Inspirar enquanto aperta a bola durante 5 segundos e expirar enquanto relaxa todos os músculos do pavimento pélvico.

Repetir 5 vezes. (Craig, 2005; Perez, 2000).

 

A “BOLA DE PILATES” NO TRABALHO DE PARTO

Perez (2000) afirma que, durante o trabalho de parto, a utilização da bola de pilates promove a movimentação suave da pelve e não danifica a articulação óssea nem as fibras musculares. O relaxamento dessa musculatura, através desse movimento, facilita a passagem do feto no canal de parto, confirmando assim a teoria dos benefícios produzidos pelos exercícios com a bola de pilates no pavimento pélvico.

Carrière (1999) defende a importância da realização de exercícios centrados na musculatura do pavimento pélvico durante as contrações, uma vez que considera importante prevenir a tensão muscular generalizada. Por outro lado, a autora refere que é possível aliviar a dor e a fadiga utilizando a bola de pilates para a realização de exercícios, como alongamentos, através da movimentação da coluna em todos os planos.

Neste seguimento, Braz et al (2014) refere que os exercícios que a grávida realiza na bola de pilates são exercícios de mobilidade pélvica, ante e retroversão, inclinação lateral, circundação e balanceamento sobre a bola. A realização destes exercícios têm como objetivo, oferecer conforto físico e auxiliar no nascimento, proporcionar a descida do bebé e sua rotação no útero, diminuir e aliviar as contrações e as dores na coluna lombar, acelerar a progressão do parto, ajudar no período expulsivo e relaxar.

Relativamente aos exercícios a realizar durante o trabalho de parto, destaca-se o exercício de balanço vertical ou “saltitar” sobre a bola, que origina contrações rápidas das fibras musculares do pavimento pélvico, possibilitando que esses músculos trabalhem de modo reflexo e ascendente. Neste exercício, os pés devem estar separados e bem apoiados, e a grávida faz uma ligeira flexão dos joelhos, para balançar o tronco para cima e para baixo.

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Os exercícios pélvicos de rolamento da bacia para os lados e para a frente e para trás, que fizemos logo no primeiro trimestre, são úteis em trabalho de parto e têm como objetivo o aumento do tónus muscular do diafragma urogenital, esfíncter da uretra, pavimento pélvico, laterais do tronco e fortalecimento dos músculos abdominais inferiores (Craig, 2005; Carriére, 1999).

 

COMO SE FAZ A LIMPEZA DA “BOLA DE PILATES”?

A higiene e limpeza da superfície da bola deve ser feita com recurso a água e um detergente bactericida, sendo seca posteriormente. Mas consulte sempre o manual de instruções da sua bola.

 

ALGUNS EXERCÍCIOS EXEMPLIFICADOS:


BIBLIOGRAFIA:

Braz, M. M. , Rosa, J.P. da, Maciel, S. S. & Pivetta, H.M.F. (2014). Bola do nascimento: recurso fisioterapêutico no trabalho de parto. Cinergis, 15 (4), 168-175. Acedido em  17 de Agosto de 2020 em https://www.online.unisc.br/seer/index.php/cinergis/article/.../3964&PC=MENEPB

Carrière B. (1999). Bola suíça: teoria, exercícios básicos e aplicação clínica. São Paulo: Manole.

Cassol, R. & Bertoncello, I. (2008). Análise ergonómica da bola suíça em fisioterapia, acedido em 17 Agosto 2020 em https://pt.scribd.com/document/56682023/Analise-Ergonomic-A-Da-Bola-Suica-Em-Fisioterapia

Craig, C. (2005). Pilates com bola. 2ª Edição. São Paulo: Phorte Editora.

Lowdermilk, D.L. & Perry, S. E. (2008). Enfermagem na Maternidade. 8ª Edição. Nova Iorque, USA: Lusodidata.

Martins, D. & Cruz, T. (2007). Exercícios com a bola: um guia prático. São Paulo: Phorte Editora.

MCESMO (2019). Livro de Bolso: Programas de Preparação para o Parto, Adaptação à Parentalidade e ao Pós-Parto. Ordem dos Enfermeiros.

Perez P. (2000).  Birth balls:use of a physical therapy balls in maternity care. Vermont: Cutting Edge Press.

Souza, V. & Rodrigues, W. (2010). Aplicação da bola suíça no tratamento do controle postural. Rev. Cientifica ESAMAZ, Belém, jul/dez, 2 (2),  35-54.

World Health Organization (2018). Recommendations: Intrapartum Care For A Positive Childbirth Experience.  Geneva: World Health Organization. ISBN: 978-92-4-155021-5.